Como é envelhecer num mundo aparentemente cada vez mais parecido?
Quem me
conhece sabe como eu evito ao máximo descobrir qualquer coisa sobre determinado
filme antes de assisti-lo. Nem trailer eu assisto, quanto mais ler sinopse ou
alguma crítica. Prefiro ir às cegas e ter reações mais naturais do que ser
influenciado por discursos de outras pessoas, mesmo de pessoas que tenham
opiniões parecidas com a minha. Por conta disso, não vou expor muita coisa da trama
de “Enquanto Somos Jovens”, mas se você confia nas minhas indicações, segue mais uma.
Sim, parece nome de música de boy band, mas a
história segue Josh (Ben Stiller) e Cornelia (Naomi Watts), um casal na casa
dos 40 e poucos anos, que sai da aparente inércia após conhecer Jamie (Adam
Driver) e Darby (Amanda Seyfried), casal uma geração abaixo. Eu sei que
parece só mais um filme sobre conflito de gerações, e talvez até seja, mas a partir disso eu
pensei em outras coisas relacionadas ao tema. Beleza, eu sei que eu penso
demais até sobre ir (ou não) falar com aquela menina interessante que parou do
meu lado (e se você for essa menina, tente não me achar um completo desajustado),
mas esse filme me levantou questões que muita gente pode pensar com o passar dos anos, e
é por isso que estou aqui escrevendo.
Envelhecer é
natural, mas como é perceber esse processo? E claro que não estou aqui tratando
apenas a questão física causada pelo passar dos anos. Constatar que seu corpo
não responde da mesma maneira aos seus abusos, mas também saber que há coisas
que você não vai fazer, entender que você não responde da mesma maneira a
determinadas situações. Talvez o grande ponto de percepção desse processo seja
o apontado pelo Josh falando sobre o Jamie: “Ele olha pra mim como se eu fosse
mesmo um adulto. Pela primeira vez na minha vida, eu não era mais uma criança
imitando um adulto”. Só percebemos isso quando alguma coisa nos descola de
outra geração?
Mesmo com
mais pessoas expostas as mesmas fontes, há valores, hábitos e referências que
são únicas de cada geração. Eu sei que muitas vezes não vou conseguir entender
o motivo de alguém agir com tamanha naturalidade pra algo que é de muita
estranheza pra mim. Eu sei que existem pessoas com quem convivo que não fazem a
menor ideia do que seja um walkman, da mesma forma que eu muito provavelmente
não sabia algo que me torne um extraterrestre pra eles por essa ignorância.
Outra questão sobre o envelhecimento é a seguinte: nós mudamos com o passar do
tempo ou o mundo ao redor que muda? Amadurecemos, ficamos defasados ou as duas
coisas?
Voltando ao
filme, além das coisas que me fez pensar, o que eu gostei nele? Os diálogos são
acima da média. A história caminha de uma forma muito fácil e não se esquece de
criar situações de conflito entre os personagens. Seja por uma reação descrita
no texto, seja no posicionamento da câmera. Os quatro atores principais encaixam muito bem nos papeis, expondo as personalidades interessantes de cada
personagem, o que cria empatia. E o tom é o ideal: sem parecer cabeça demais
pra te forçar a pensar, nem bobo demais pra te fazer rir. Resumindo, é uma boa
história, bem contada e cotidiana.
Enquanto
Somos Jovens (While We’re Young)
Direção: Noah Baumbach
Elenco: Ben Stiller, Naomi Watts,
Amanda Seyfried, Adam Driver
(O que
acharam? É bom ligar uma indicação com reflexões da vida? Fui longe demais e
volto a escrever apenas sobre a indicação em si? Comentem!)
Nenhum comentário:
Postar um comentário