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18 junho 2013

#BR17J



Semana passada eu comecei o post sobre os acontecimentos do dia 13 destacando que para mim aquela data já tinha um lugar especial, e pela repercussão que o texto teve me parece que também ganhou importância para tantas outras pessoas. Alguns dias se passaram e o povo brasileiro me dá mostras de que todo dia pode ser histórico por aqui.

Passeatas mundo a fora. Manifestantes protegendo a comandante da operação em Belo Horizonte, coronel Cláudia Romualdo, quando algum confronto totalmente sem motivo teve início. Dez policiais militares sentando ao lado dos ativistas na Av. Engenheiro Luis Carlos Berrini, em São Paulo. Bandeiras de partidos políticos sendo rechaçadas pela grande maioria dos manifestantes. Hino Nacional sendo gritado e ecoando nos prédios da Av. Paulista, local das bombas da semana passada. Cem mil (CEM MIL!!!) pessoas ocupando a Av. Rio Branco em direção a Cinelândia. O Congresso Nacional ocupado pelo povo! Fora todas as outras dezenas de cidades e milhares de pessoas que foram pra rua. Muitas vezes eu não tive isso, mas hoje durmo bastante orgulhoso desse lugar que é o nosso Brasil. Obrigado a todos os envolvidos por trazer esse sentimento. Obrigado por todo mundo que tirou a bunda do sofá e foi pra rua. Obrigado por mostrarem que não somos a geração perdida.

Os bons filhos a casa tornam

O Brasil é um país diferente de todos os outros, não espere que nossas mudanças sigam fórmulas estabelecidas em outros lugares. Não há luta contra regime político, não há luta contra crise econômica e desemprego, o que existe é a revolta a partir do descontentamento e da indignação. Não posso responder por todos, mas resumidamente o que quero é o país que nossa economia tem potencial de dar. Não adianta ter uma das grandes economias do mundo, mas péssimos setores de educação e saúde, transporte sucateado e não planejado, IDH ridículo, desigualdade monstruosa.

Os 20 centavos mais importantes da história

Se essas passeatas são boas e se algo vai mudar com isso? São excelentes e já mudou. No mínimo, o legado deixado por esses dias de fúria será a conscientização política e de força do povo. Se o Gigante já acordou, eu não sei, mas se hoje, abrindo apenas um olho ele já fez esse barulho todo, imagina quando levantar e passar por cima de quem ficou tanto tempo por cima dele? 

“Aonde você acha que isso vai dar?”, “Pelo que estão protestando?” são provavelmente as perguntas que mais me fizeram nesses dias. E a resposta pra essas duas perguntas é a mesma: Não sei. Não adianta ir pra rua reclamando de corrupção e nas próximas eleições ser o show “mais do mesmo” que vem caracterizando nossa política nos últimos pleitos. Não adianta reclamar do aumento na passagem e achar que um possível recuo de quem regulariza esses valores é o sinal de que tudo mudou e tudo já está perfeito, pois não estará. “Acordamos pra que?” Se a partir daqui haverá exigências e se essas serão atendidas pela força popular é muito cedo pra dizer. Acho que é um caminho natural nisso tudo. Exigir foco num período tão inicial de um movimento popular suprapartidário num país onde nem os políticos e seus partidos tem foco é um pouco demais. Acho que essa falta de foco e essa falta de liderança foram os principais motivos pra atingir tantas pessoas e fazer com que elas fossem pra rua.

“Nós não somos quem gostaríamos de ser. Nós não somos o que ainda iremos ser. Mas, graças a Deus, não somos mais quem nós éramos”.

O quão histórico esses dias serão depende de mim, meus familiares, vizinhos e amigos e o mesmo vale pra você que por acaso está lendo esse texto. Talvez só sejam alguns dias de exceção, talvez só seja um mês de exceção, talvez isto seja um ano de exceção que virará regra. Se eu acho que isso é uma revolução? Ainda não. Se eu acho que isso pode ser uma revolução? Talvez. A lição do dia de hoje é: Nós temos força, sejamos inteligentes em como usá-la.

Claro que nem tudo são flores. Houve confrontos em Belo Horizonte, algumas bombas em São Paulo em frente ao Palácio dos Bandeirantes, enfrentamento forte em Porto Alegre e cenas de completa selvageria no Rio de Janeiro, com fuzil sendo usado como alerta. Todas essas imbecilidades praticadas por uma minúscula minoria, que não representa a totalidade da população. Pra vocês que picharam, quebraram placas e atearam fogo em monumentos que são histórico e cultural, meus sinceros xingamentos. Ser idiota deveria ter limite. (ALERJ por mais representação da incompetência política no Estado do Rio de Janeiro é patrimônio do POVO. Do Paço Imperial nem preciso dizer, pagou o pato por ser vizinho, assim como tudo que também foi depredado na região).

Agora um questionamento que eu tive durante o vandalismo da ALERJ, talvez os amigos moradores do Rio possam me responder. Domingo na região do Maracanã, o Choque não demorou 30 minutos pra entrar em ação num momento bastante pacífico da manifestação lançando bombas em praças públicas mesmo com a presença de famílias, idosos e crianças. Hoje, com ALERJ em chamas, policiais e trabalhadores presos e acuados dentro do prédio, tiro com balas de verdade pra todos os lados, um número considerável de vândalos e demoraram TRÊS horas pra chegar? Sergio Cabral perdeu o número do telefone do Comando da PMERJ ou deixou a coisa desandar o máximo que pode pra diminuir o movimento? Sei lá, acho que estou pensando longe demais nessa madrugada...

Há uma lista enorme de manifestações sendo organizadas por todo o país, caso alguma aconteça na cidade aonde você mora vá pra lá. As redes sociais e a Internet são muito importantes, mas ir pra rua ainda tem muito mais peso. Só não faça merda, por favor. Mostre que você é mais inteligente do que os políticos que ainda não perceberam a força que o povo tem. E por que eu sei que eles não perceberam? Porque o dia que perceberem, eles vão entrar em completo desespero.


Dia 17 de junho é um dia pra nunca mais esquecer. Que dia 17 de junho nunca acabe.

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