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Não sei se aqui é espaço pra isso, nunca imaginei que fosse parar para escrever sobre isso, mas é impossível ficar alheio a todos os fatos que vem ocorrendo nesta semana que chega ao seu fim. Sei que 99% das pessoas que eu conheço não vão ler esse texto, muito menos pensar sobre os temas e repercuti-los, mas esse 1% me deixará muito feliz, independente da opinião ser semelhante ou não à minha. Talvez não mude nada, talvez as pessoas esqueçam isso com o tempo (ação tão típica neste nosso Brasil), mas pra mim o dia 13 de junho já ganhou espaço especial como dia marcante de alguma forma.
Aconteceu tanta coisa nesta quinta-feira que eu não sei nem por onde começar. Foi mais um dia de manifestações populares contra o aumento das passagens no transporte coletivo (não vou chamar de público algo que não é público) de São Paulo. Também houve manifestações em outras cidades, mas vou focar em São Paulo, por toda a importância que ela tem e por tudo que ocorreu em solo paulistano. É difícil eu fazer um relato preciso de todos os acontecimentos, pois eu não moro em São Paulo, não estava presente, então a maioria dos fatos que eu narrar por aqui são de acordo com situações que eu tenha lido ou visto, e a partir disso tirei minhas conclusões seguindo aquilo que eu acredito ser o mais certo.
A concentração para o protesto em
São Paulo foi marcado para o fim da tarde em frente ao Theatro Municipal na
Praça Ramos de Azevedo, centro da capital paulista. Com boa presença de
manifestantes (mais velhos ou mais novos, mais ricos ou mais pobres) caminharam
pacificamente pela Xavier de Toledo em direção a Consolação – e é bom destacar,
de que com convivência pacífica com alguns poucos policiais militares. A ideia
inicial da passeata era sair do centro e chegar até a Paulista via Consolação,
mas ao chegar à esquina da Maria Antonia tudo desandou. Não consegui achar
algum motivo causador dessa mudança.
Bombas, balas de borracha,
cavalaria, lixo, fogo, pedras, violência gratuita, vandalismo, correria,
pânico, feridos, detidos. E uma vez que o caos é instalado, não espere que as
coisas se resolvam bem. Nós somos um povo despreparado e não acostumado a
passeatas e manifestações, do outro lado deste cenário temos autoridades tão ou
mais despreparadas.
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Giuliana Vallone, repórter da TV Folha |
A multidão (que poderia ser
facilmente controlada se houvesse um planejamento mínimo para situações como
manifestações) se dividiu pelas ruas paralelas à Consolação – Augusta, Bela
Cintra, Haddock Lobo, Angélica – e o confronto com a Polícia Militar tornou-se
uma constante na noite paulistana. A avenida mais importante da América Latina
virou campo de batalha de uma guerra, no mínimo, imbecil.
Centenas de detidos, dezenas de
feridos e agredidos. A atuação da Polícia Militar de São Paulo foi vergonhosa.
Quase tão vergonha quanto os tweets
do Sr. Governador Geraldo Alckmin enquanto a capital do estado que governa
entrava em colapso. Quase tão vergonhoso quanto o responsável pela operação,
Sr. Major Lídio Costa Júnior, do Policiamento de Trânsito da Polícia Militar,
declarar que a situação fugia do controle e não se responsabilizava pelos
acontecimentos dali em diante.
E o que aconteceu dali em diante
foram cenas e mais cenas de gigantesca truculência e imbecilidade por parte dos
militares. Conhecendo o Brasil e as autoridades policiais eu tenho medo de
pensar no que aconteceu nas delegacias paulistanas. Todos os cidadãos (baderneiros,
manifestantes, jornalistas, simples trabalhadores tentando voltar pra casa)
foram transformados em inimigos pela Polícia Militar.
Quero deixar aqui bem claro, que
apesar de totalmente favorável às greves e passeatas eu sou totalmente contra o
vandalismo e depreciação de patrimônio alheio. Se alguém infiltrado nessas
manifestações (e infelizmente sempre há) foi baderneiro, que seja punido por
isso na Justiça e não pela PM, na medida da possível, porque eu tenho noção de
que não se prende nenhum vândalo pedindo “Por favor”, mas uma grande maioria da
população não pode pagar de forma aleatória pelo erro de alguns.
Outra coisa que me incomoda
bastante (e infelizmente também tem vínculo perpétuo com essas passeatas aqui
no Brasil) é a presença dos partidos políticos com seus militantes empunhando
suas bandeiras. Sonho com o dia que só verei bandeiras do Brasil. Se acredito
pouco nos políticos, acredito ainda menos nos partidos dos quais eles fazem
parte. Acho importante falar disso, pois não sou de esquerda, nem de direita,
nem liberal, nem conservador.
As manifestações não foram pelo
aumento de centavos. As manifestações aconteceram por MAIS um aumento num
serviço que é mal entregue e sem previsão de melhora. Talvez esses sejam os
primeiros protestos por razões econômicas desse país que não tem nem 200 anos
ainda. Os governos que controlaram bem a inflação do Plano Real até os dias de
hoje, partilharam melhor a renda e trouxeram uma boa fatia da população para o
consumo, o que é louvável, diga-se de passagem. Mas se não há incentivo à
produção, a conta é simples e qualquer estudante de Economia 101 pode explicar:
mais dinheiro, mais consumo, mais demanda, e se a oferta não acompanha, os
preços sobem e temos inflação. E é onde estamos hoje. É onde nossa economia
está hoje, por mais que o Guido Mantega seja irritantemente otimista. Eu não
sei se as pessoas que foram pras ruas tem isso na cabeça, acho que não.
Sinceramente eu não sei que propostas elas tem pra melhorias (mais do que
necessárias) no transporte coletivo, mas não podia deixar de trazer esse plano
de fundo econômico para o debate.
Democracia não é a ditadura da
maioria. Eu não preciso concordar com as manifestações para achá-los legítimos,
mesmo que isso cause algum transtorno (que poderia ser minimizado). Democracia
não é calar (ou tentar) a população e a imprensa. O democrático Brasil tem
muita coisa a reclamar. Eu torço muito para que o povo acorde e vá atrás
daquilo que deveria ser seu de fato, e não só de direito. O primeiro passo pra
cura é perceber que se está doente, e já passou da hora de olhar para a nossa
realidade e ter noção do quanto as coisas estão erradas por aqui. Que as
avenidas de todas as cidades brasileiras se tornem Avenida 9 de Julio, não há vergonha nenhuma em copiar nossos hermanos nesse aspecto. Que existam
passeatas, diariamente se for o caso, enquanto não se resolva o que tiver que
resolver. E que se pare de tratar os manifestantes estrangeiros como ativistas
geniais e os brasileiros como vagabundos baderneiros.
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700 mil vagabundos (?) contra Cristina Kirchner |
Quem vai melhorar o Brasil não
são os políticos, o Eike Batista ou o Luciano Huck. Esses com certeza NÃO vão
melhorar o Brasil. Quem pode melhorar esse país é o povo, desde que aja como
povo e não como massa de manobra preguiçosa que tira a bunda da cadeira de dois
em dois anos pra votar, e votar mal. Se tiver que ser na marra, foda-se, é o
preço que a gente vai ter pagar pra ser um país de verdade. Do povo para o
povo.
Vamos pra Rua, Brasil!
Dia 13 de junho é um dia pra
nunca mais esquecer. Que dia 13 de junho não acabe.
Deixo aqui alguns links para que
vocês leiam e assistam aos vídeos. Foram esses links que me fizeram não dormir
essa noite, que afloraram esse sentimento de indignação com tudo o que
aconteceu, com os rumos que o país tá tendo (espero que o conteúdo deles não
suma e vocês também possam ler e ter as reações de vocês).
Gostei da coesão e racionalidade Gomes.
ResponderExcluirCompartilhamos os mesmos anseios.
Mais uma vez, brilhante em seus comentários. Relata tudo o que eu penso.
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