Sempre usei o blog como terapia e mural pros meus pensamentos sobre fatos ou sobre a vida de forma geral, mas nunca fui de escrever sobre mim. Interessante isso. Mas é simples: não gosto de conversar sobre mim, não sou de explicar pras pessoas o que está acontecendo comigo. O que mudou então? Ter aprendido que como sou e como me porto com as pessoas é reflexo direto dessa sucessão de fatos que me trouxeram até aqui. E por isso vou tentar explicar porque aos 27 anos eu não tenho a menor ideia do que fazer na vida.
Bom, eu nunca soube "o que ser quando crescer". E acho interessante fazermos o exercício de entender o que nos perguntam quando temos 17-18 anos (caramba, 10 anos se passaram). O vestibular não te pergunta "o que você quer ser?", ele na verdade está perguntando "que caminho você vai tomar pra chegar onde pensa poder chegar?". E acho que entender essa diferença é importante pra evitar futuras frustrações quando o caminho precisar de um desvio ou ficar mais longo que o imaginado.
Voltando do devaneio, algumas pessoas tem resposta pras duas perguntas. Eu não era uma dessas pessoas. Nunca soube. E se contarmos apenas com o último ano de colégio, eu devo ter trocado de opção no vestibular umas 5 vezes, no mínimo. Acabei escolhendo Administração por fatores mais externos do que internos. Que fatores? Um pedido familiar de não ir pro Rio, a necessidade financeira de estudar numa faculdade pública e entender que o curso seria o mais abrangente das minhas opções (atendendo as duas primeiras exigências).
Durante a faculdade fiz muita merda em relação a seriedade e planejamento da minha vida acadêmica, profissional e pessoal. Levei nas coxas como se as coisas fossem magicamente acontecer e se ajeitar no futuro. Por conta dessa arrogância/inocência, acabei nem estagiando (o que é importante e vai interferir à frente). Formei bem depois do tempo esperado e mais uma vez, sem a menor ideia do que fazer.
Por não ter estagiado, meu currículo era/é uma merda, você pode imaginar. O que me deixou numa posição difícil pra arrumar um emprego na minha área. Tentei trainees, tentei alguns processos seletivos, mas sempre esbarrava nessa falta de experiência. Ou seja, não sou um administrador, sou um bacharel em Administração, e só.
Foi aí que passei a olhar pra concurso, pois pensei: "nisso não preciso de experiência e sou bom de prova", e foi quando comecei. Só que fazia vários concursos por fazer, sem estudar. O que obviamente nunca deu resultado algum. Há pouco tempo que comecei a levar um pouco mais a sério, e aconteceu quando vi que era a minha única oportunidade e também quando as coisas aqui em casa apertaram (como ainda estão apertadas). Só que a atual dificuldade parte da situação de termos cada vez menos concursos abertos e cada vez mais o tempo passa e eu não consigo me desenvolver como "pessoa adulta independente", e isso é angustiante e frustrante. Pra caralho.
Aí você me pergunta "Agora que você entende essa necessidade e oportunidade, tá tudo certo e vamos atrás disso, né?". Claro que não é tão simples assim. Eu não te falei que são poucas provas atualmente? Sem contar que não trato esses concursos como o plano da minha vida. Muito menos que eu tenha na cabeça que quero passar no concurso X, Y ou Z. E por melhor que eu seja de prova, concurso é foda. Não é da noite pro dia. Ou seja, ficarei nesse cenário sufocante por um tempo...
O que me resta fazer? Ir me inscrevendo, estudando e fazendo provas. Por que quero? Não. Pela total necessidade de ter uma base e independência financeira, pra aí sim, num segundo momento, começar a investir em mim e nas coisas que gosto. O que são essas coisas? Esportes, filmes/séries, nerdices, jogos, vídeos, escrita, viagens... E se eu sei o que vou fazer pra conciliar o que faço com o que gosto? Acho que depois de ler tanto sobre as minhas incertezas você já tem a resposta.
Muitas vezes na vida, precisamos dar alguns passos para trás, para que no futuro cheguemos a nossos objetivos.
ResponderExcluirAlguns trabalhos são julgados como subemprego, mas que são tão dignos quanto ao de um grande gerente de uma grande empresa.
Quero dizer que talvez a solução seja se permitir começar por baixo, e sabendo do seu potencial, tendo um objetivo, futuramente almejar uma vaga que condiz com seu nivel de graduação.
Força, vai dar tudo certo... "Se a oportunidade não bate, construa uma porta" MILTON BERLE
Sem dúvidas. Concordo quanto a isso. Até porque com o passar dos anos a gente percebe que graduação é algo importante, mas não primordial. Principalmente no mundo atual de oportunidades mais flexíveis e menos ortodoxas.
ExcluirO grande ponto do texto era expor e organizar meus dois principais incômodos pessoais: eu no atual presente não estar bem financeiramente/profissionalmente falando, e, eu não saber qual meu objetivo, onde quero chegar (e esse segundo ponto será assunto de futuros textos).
De qualquer forma, obrigado pelo comentário. E por curiosidade? Quem é o Anônimo? Haha
Finalmente! (Eu não poderia de deixar de comentar, muito menos relembrar sua pequena demora em postar esse texto haha).
ResponderExcluirBem, já te falei tudo que penso sobre esse assunto e o quanto torço pra que as coisas se encaixem no momento certo. Agora quero falar sobre você ter escrito sobre você, sobre seus sentimentos, suas vontades, é difícil mas não impossível, espero que daqui pra frente sempre tenham mais textos como esse!
E tô aqui, nem que seja apenas pra ouvir, e pra em breve te ver aprovado num concurso e podermos comemorar!
Claro que faria algum comentário pela demora haha.
ExcluirEu sei seus comentários sobre a forma como penso e abordo minha vida. E isso de certa forma já é uma grande ajuda.
Sobre eu ter feito um texto mais pessoal, realmente não foi impossível, mas ainda busco meu estilo de escrita, não sei se é esse. Nem se é do interesse das pessoas eu falar das minhas sensações e de alguma forma deixar que as pessoas se relacionem, mas é bom escrever sobre eu mesmo. Admito esse mini egoismo
Khaled! Cara, que texto foda e esclarecedor! Olha, sempre tive em você a referência de um cara com uma mente brilhante e consequentemente uma infinita insatisfação com os padrões que nos cercam. E sabe porque sempre observei isso? Porque me identifico em vários pontos. Na verdade, lendo esse texto vi minha vida e meus dilemas mais secretos e dolorosos explicitados aí. O interessante é perceber que além de vários pontos em comum, esse nosso hiato de vida nada mais é que um sintoma longo e esperado da tão famigerada geração Y. Mesmo que ao navegarmos alguns minutos nas redes sociais nos deparamos com colegas super bem sucedidos, gente bem mais nova ocupando cargos relativamente altos, viagens internacionais, vivendo o mais próximo que uma vida real pode ser de um conto de fadas, o que pude constatar nesses momentos de ócio-auto-crítica-culpa-interna-choro-ansiedade-depressão-dependência-dos-pais, é que todos nós da geração Y, e digo TODOS no mais amplo sentido da palavra, estamos presos de alguma forma nas expectativas que foram criadas por nossos pais, nossos avós, ou por nós mesmos, de acumulação, sucesso profissional, carreira estável, casa, carro, etc... Resumindo, mesmo que pareça - e eu sei que parece - o tempo todo, que estamos anos luz atrás no caminho da redenção, como seres desenvolvidos e providos de habilidades de adaptação, o que nos resta é encontrar o "melhor lugar no pior momento", e reconhecer que a felicidade nada mais é que o conjunto de bons momentos. E bons momentos acontecem independente de qualquer coisa - emprego, salário, altos cargos, reconhecimento profissional, bens materiais. Estamos no alto dos nossos 27 anos, e seria uma tolice sem tamanho nos entregarmos ao reconhecimento do "fracasso"... Isso sim será um grande motivo de arrependimento para daqui a 10 anos, quando estivermos - e com certeza estaremos - em uma posição, que de acordo com os padrões, será muito melhor que a posição que estamos agora. Ou não.
ResponderExcluirMari, a gente já conversou um pouco, mas quis continuar também te respondendo por aqui. Primeiro, obrigado pelos elogios, tanto quanto ao texto quanto à forma como você me enxerga. De fato, sou um infinito insatisfeito, e muito por observar demais, por tentar entender demais.
ExcluirSobre ser uma característica da geração, realmente, alguns dos pontos que eu destaquei podem ser geracionais, podem ser comuns a várias pessoas. Existe sim uma lista de problemas, pressões e inseguranças que são comuns, e mesmo não sendo o mais indicado pra ser uma voz, pretendo escrever sobre isso no futuro.
E concordo, nos resta ir buscando as alternativas pra chegar em algum lugar. Mesmo que não saibamos que lugar seja esse, ou não saibamos como chegar nesse determinado lugar (pra quem já tem a sorte de saber quem é e o que quer)
Excelente texto, cara.
ResponderExcluirAcho que é uma situação que muitos enfrentamos, nas mais diversas formas. Também comecei a faculdade (de Farmácia) sem ter muita noção do que estava fazendo ali. Pouquíssimos tem uma noção do que querem aos 18,e comigo não foi diferente.
No entanto, eu me deparo com muita gente que, após ter ficado durante um bom tempo em uma ocupação que nunca almejou, hoje é feliz e diz que "não se vê fazendo outra coisa". Acho que isso é porque normalmente as respostas vão aparecendo ao longo da jornada, e em um caminho que antes parecia sem graça, começam a aparecer desafios, amizades, oportunidades, frustrações, enfim, vida. Concordo com o amigo anônimo acima, pois também comecei em um emprego ruim e consegui, a partir dele, vislumbrar outras coisas e enxergar meu próprio caminho.
Um abraço e boa sorte,
Caique
Obrigado pelo excelente.
ExcluirÉ muito maluco como as jornadas são verdadeiramente pessoais e não existe fórmula padrão, pois cada caso é um caso.
Talvez o que dê pra tirar da sua experiência e do seu comentário seja (entre outras coisas): abra os olhos pra qualquer oportunidade e busque não ser tão cabeçudo, tão ferro e fogo, pra tudo. As coisas se ajeitam de maneiras algumas vezes inexplicáveis e muitas vezes inesperadas, se comparadas com as ideias inicias. (desculpa se tiver entendido errado)
Vou começar o comentário com uma observação: EU JURO QUE TINHA COMENTADO!!
ResponderExcluirAgora vamos lá...
As vezes tenho o pensamento egoísta de que apenas eu sofro com "os problemas da vida adulta", talvez por ter acabado de fazer 18 anos e estar começando a passar por todas essas coisas que você já passou, mas ai leio esse texto e percebo que não importa a idade o ser humano sempre vai passar por esse "drama". Você é um menino brilhante pelo que sei (boatos que sou sua fã, não afirmo e nem nego nada hein!? hehe) e tem ainda muito tempo pra se arriscar, quebrar a cara e se descobrir, então faça isso melhor que ninguém.
Apesar de não nos conhecermos (eu sinto que somos coleguinhas virtuais sim, mesmo a Gabi estando entre a gente) torço muito por seu sucesso profissional e pessoal e depois desse texto a torcida aumentou consideravelmente.
Ps:Espero que agora vá o comentário kkkk
Thay
Agora sim o comentário foi publicado.
ExcluirÉ algo mais comum do que parece ser e acho que toda a repercussão desde texto deixa isso claro. Mas são situações incomodas, de qualquer forma. Há muitas dificuldades na construção da vida adulta. É uma transição que eu tenho percebido ser bem desafiadora, principalmente pra uma geração que tem chance de fazer tudo e ao mesmo tempo dificuldade em escolher o que quer fazer (talvez escreva sobre isso no futuro).
Obrigado pelos elogios e pela torcida, fã. Volte sempre
Me identifiquei muito Lê, é ótimo ler sobre você, aposte mais nisso, Beijo!
ResponderExcluirQue bom que serviu pra você. Obrigado! E volte sempre :D
Excluir